Saúde da Mulher: Fique atenta aos sinais de que sua mama não está bem

O corpo humano dá inúmeros sinais de que não está funcionando 100% bem. Às vezes, pela correria do dia a dia ou até mesmo por desconhecermos o nosso próprio organismo, não nos damos conta de que algo está errado. Quando descobrimos, em alguns casos, pode ser um pouco tarde, e o quer poderia ser algo simples, acaba se tornando em uma doença mais grave.

Por isso, é sempre importante fazermos exames de rotina, que podem ser anuais, dependendo do caso. São esses exames e as visitas em médicos especialistas que podem nos ajudar com a prevenção de muitas doenças e o diagnóstico precoce no caso de um câncer.

Como estamos em campanha pelo Outubro Rosa, a primeira matéria que preparamos para a série “Quando o corpo dá sinal” é sobre as doenças relacionadas à mama. Além do câncer, existem outras enfermidades que precisam ser tratadas para garantir a saúde e o bem-estar físico das mulheres.

Segundo a  Sociedade Brasileira de Mastologia, a  mastalgia atinge cerca de 70% das mulheres, sem restrição de idade e, na maioria dos casos, as dores não representam nada grave. Mastalgia é o nome dado às dores mamárias que são comuns entre as mulheres, mas muitas desconhecem as suas causas. “Sempre que houver qualquer alteração nas mamas, a mulher precisa procurar um médico para fazer os exames necessários que vão diagnosticar o que ela realmente tem.

Lembrando que mais de 90% dos casos de câncer, não doem. Por isso, estar em dia com os seus exames de rotina é fundamental para manter uma boa saúde”, explica o especialista em Mastologia, Dr. Claudio Magoga Filho, da Clínica Santé Saúde & Estética, em Mogi das Cruzes.

Existem dois tipos de mastalgias, a acíclica que acontece no período menstrual, a pode ser constante ou intermitente, é mais comum no período da menopausa e pode estar relacionada aos quadros de inflamação das mamas, algum trauma, cisto mamário ou à gravidez, e a extramamária, que pode ter origem na parede torácica, e comumente a paciente relata que sente dor no início da mama.

Elas são denominadas conforme a intensidade e os sintomas mais leves não têm interferência na vida da mulher. A dor severa pode se estender pela axila e pelo braço, tornando-se um empecilho nas tarefas do dia a dia.

Outro problema bem comum entre a maioria das mulheres é a displasia mamária, hoje chamada de alterações funcionais benignas das mamas. “São alterações benignas da mama, como cistos mamários e os nódulos sólidos mamários benignos. Não são câncer e têm risco baixo para câncer, por isso, na maioria das vezes, não existe a necessidade de fazer biópsia ou cirurgia, somente em casos que tenham alguma alteração clínica ou no controle dos exames de imagem.

Mas é fundamental acompanhar, principalmente com consultas regulares e exames periódicos de diagnóstico por imagem. O fato de ser uma alteração benigna não significa que pode ser descuidada, até porque o câncer, na maioria das vezes, não doí, e somente com exames é possível fazer o diagnóstico precoce. Por isso, é importante estar em dia com as suas consultas e exames preventivos”, ressalta o mastologista, Dr. Claudio Magoga Filho.

A mastite também é uma alteração na mama que pode causar bastante incômodo, como vermelhidão, sensação de calor, dor e até febre. “Geralmente é mais comum acometer mulheres que estão amamentando ou que já amamentaram e ficaram com leite no ducto mamário, causando a inflamação, sendo associada também ao tabagismo.

Porém, precisa ser acompanhada, principalmente porque a mudança na coloração da mama e a sensação de calor também são sinais de câncer de mama e neste caso, podem ser confundidos pela paciente “, esclarece o médico.

ALERTA: Câncer de mama deve registrar 59 mil novos casos em 2019

O INCA (Instituto Nacional do Câncer) estima 59.700 casos novos de câncer de mama, para cada ano do biênio 2018-2019, com um risco estimado de 56,33 casos a cada 100 mil mulheres. “A doença representa a primeira causa de morte por câncer na população feminina brasileira, com 13,68 óbitos a cada 100.000 mulheres registrados em 2015, de acordo com estudos feitos pelo INCA”, detalha o cancerologista Flavio Isaias Rodrigues, diretor clínico do Centro Oncológico Mogi das Cruzes.

 As regiões Sul e Sudeste são as que apresentam as maiores taxas, com 15,26 e 14,56 óbitos/100.000 mulheres em 2015, respectivamente, ainda segundo os estudos. “Por isso, é  sempre muito válido lembrar da importância do diagnóstico precoce contra o câncer de mama. Quando a mulher descobre o tumor em fase inicial, as chances de cura e sobrevida são sempre muito maiores. Embora isso pareça ser repetitivo é sempre bom reforçarmos, pois as estatísticas mostram que muitas mulheres ainda morrem vítimas desta doença”, frisa o cancerologista Flavio Isaias Rodrigues, diretor clínico do Centro Oncológico Mogi das Cruzes.

Sintomas mais comuns

O sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de nódulo, geralmente indolor, duro e irregular, mas há tumores que são de consistência branda, globosos e bem definidos. Outros sinais de câncer de mama são edema cutâneo semelhante à casca de laranja; retração cutânea; dor, inversão do mamilo, hiperemia, descamação ou ulceração do mamilo; e secreção papilar, especialmente quando é unilateral e espontânea. A secreção associada ao câncer geralmente é transparente, podendo ser rosada ou avermelhada devido à presença de glóbulos vermelhos. Podem também surgir linfonodos palpáveis na axila.

O câncer de mama também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos da doença. Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta idade sua incidência cresce progressivamente, especialmente após os 50 anos.

FICA A DICA: Alimentar-se bem é uma maneira de se prevenir o câncer de mama

Frente à essa estatística do INCA, campanhas como Outubro Rosa, que incentivam o autoexame e a realização de exames periódicos para detecção precoce do câncer, são fundamentais para reduzir a mortalidade. Isso porque esses exames não previnem a mulher da doença. Eles são importantes para o diagnóstico precoce, o que aumentam significativamente as chances de cura e a sobrevida dessas pacientes.

“Esses exames são fundamentais para a saúde das mulheres, mas quando pensamos em prevenção estamos falando dos nossos hábitos diários, principalmente aqueles relacionados à alimentação”, frisa o nutricionista do Centro Oncológico de Mogi das Cruzes, Diego Lima, que é especialista em nutrição oncológica.

 Na sua lista de recomendações, Diego reforça a importância de evitar o consumo de alimentos cultivados com agrotóxicos, pois são comprovadamente carcinogênicos. “Hoje, felizmente, temos mais acesso aos alimentos orgânicos, opção sempre mais saudável. Isso não significa que temos que abolir os demais alimentos. Podemos consumi-los, mas sempre com cuidados mais especiais, como realizar a correta higienização de verduras, legumes e frutas com uma solução salínica ou hipoclorito de sódio”, explica o especialista.

Alimentos que ajudam na prevenção 

Couve, acelga repolho, brócolis, entre outras hortaliças chamadas de brássicas, fazem parte de um grupo alimentar que ajuda na prevenção de diversos tipos de tumores, pois contam com compostos bioativos que fortalecem o organismo.

Outra dica do nutricionista oncológico é dar preferência ao consumo de proteínas magras e brancas e limitar o consumo da vermelha para 300 gramas por semana. “Também é importante restringir processados, enlatados, defumados e embutidos. Se for consumir atum, dê preferência aos conservados em óleo e descarte o líquido, pois ele contém metais pesados”.

Açúcar: cancerígeno ou não?

Segundo Diego Lima existe um mito em que o açúcar estimula o crescimento das células cancerígenas. “Isso não existe, porém o consumo exagerado traz outros problemas à saúde”, alerta. A recomendação é dar preferência para a ingestão de carboidratos integrais e açúcar mascavo. “O melhor é privar-se dos refinados, assim como banir o consumo de adoçantes, pois estimulam a produção de insulina”, frisa o especialista.

Hidratação

Manter o corpo hidratado também é fundamental para o bom funcionamento do organismo, principalmente por água. A hidratação também pode ser complementada com sucos naturais, de preferência sem açúcar e adoçantes.

Cuidados com a alimentação devem se estender ao armazenamento

 O nutricionista oncológico ressalta que, além da higienização dos alimentos, o armazenamento também precisa ser criterioso como forma de prevenção do câncer. “É primordial eliminar contaminantes alimentares e necessário promover uma reflexão sobre onde ele é preparado e acondicionado. O ideal é sempre dar preferência para os recipientes em vidro e para congelamento de alimentos os saquinhos especialmente desenvolvidos para essa finalidade”, explica.

Ele lembra que potes plásticos, bandejas de espuma e o filme de PVC utilizado para proteger e cobrir alimentos também deve ser evitados, pois com o calor do micro-ondas podem liberar substancias tóxicas aos alimentos.