Apesar da vacina ser a forma mais eficaz de se prevenir contra a febre amarela, as pessoas que estão em tratamento contra o câncer e/ou que receberam alta recentemente não podem ser imunizados – nem com a dose única e nem com a fracionada. Os riscos de efeito colateral e de morte são maiores para esse grupo.

A infectologista Dra. Soraia Mafra explica que indivíduos com câncer estão imunossuprimidos, isto é, com a imunidade baixa decorrente dos tratamentos de quimioterapia e/ou radioterapia.

“Com a vacinação, há um estímulo para que as células de defesa (células do sistema imunológico) produzam anticorpos contra o vírus da febre amarela, o que não acontece facilmente com o paciente oncológico em tratamento. A produção de anticorpos de defesa é menor e essas pessoas têm maior risco de eventos adversos relacionados à vacina, podendo adoecer ao entrar em contato com o vírus, mesmo atenuado. Ele pode vir a óbito por não conseguir combater o vírus”, alerta.

A restrição é apenas para quem iniciou o tratamento. “As pessoas receberam o diagnóstico do câncer, mas não começaram o tratamento de quimioterapia e radioterapia podem ser imunizadas desde que seu médico seja consultado previamente. Somente ele pode dizer se a pessoa está apta ou não para ser vacinada contra a febre amarela. No Centro Oncológico Mogi das Cruzes temos feito esse trabalho de conscientização com os nossos pacientes e nossa equipe técnica está à disposição para esclarecer dúvidas”, explica o diretor clínico do Centro Oncológico Mogi das Cruzes, Flávio Isaias Rodrigues.

Prevenção

Embora a vacina seja o meio mais eficaz de se proteger contra a febre amarela, para quem não pode  receber a vacina, a infectologista orienta que evite áreas de risco, como rurais e silvestres.

Se for morador dessas regiões, é preciso proteger bem a casa com telas, mosqueteiros e usar diariamente repelente, o que deve ser feito também por todos, mesmo quem não está em regiões consideradas de risco.

Como é transmitida a febre amarela

Existem são duas formas da febre amarela: a forma silvestre e a forma urbana, que se diferenciam pelo ciclo de transmissão do vírus. O vírus é o mesmo em ambas as formas. A febre amarela silvestre acomete macacos e é transmitida pela picada de  mosquitos que só vivem em áreas de mata (mosquitos: Haemagogus Sabethes) a outros macacos ou a seres humanos que penetram nessas áreas de mata. Já a forma urbana não envolve macacos, é transmitida de uma pessoa para a outra pela picada de mosquitos que vivem nas cidades (Aedes aegypti).

Importante ressaltar que as manifestações clínicas são as mesmas, independente da forma de transmissão, e que os macacos não são responsáveis pela transmissão, portanto, não devem ser maltratados. Eles servem como alerta de que há a circulação do vírus em determinada região e que medidas preventivas, (como vacinação, uso de repelentes, etc) devem ser tomadas.