Médico ginecologista alerta para doenças oncogênicas, que são aquelas com risco de se desenvolver um câncer

 A realização de exames preventivos, em complemento a uma vida saudável e com bons hábitos, é uma recomendação constante dos médicos em geral. Quando se trata da saúde da mulher, os ginecologistas afirmam que é preciso redobrar a atenção. Isso porque algumas doenças, sobretudo as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST´s) e as inflamações no sistema reprodutivo consequentes destas DST’ s, podem evoluir para diversos tipos de câncer, como de colo de útero, vagina e vulva, além é claro, do incômodo causado pelos próprios sintomas.

“A prevenção costuma identificar pessoas com susceptibilidade, o que dá a chance de adotar medidas corretivas que poderão ajudar no não desenvolvimento da doença. Por isso, é importante a procura pelo médico assistente com certa periodicidade para realização do check-up a fim de identificar fatores de risco, com relação ao rastreamento genético este só deverá ser realizado após a consulta com o geneticista (encaminhadas a ele pelo médico assistente) que irá selecionar as pessoas de famílias altamente propensas a cânceres relacionadas a mutações do DNA”, explica o médico ginecologista Moises Komatsu da Clínica Climma de Arujá.

Tipos de doença

Um dos exemplos mais conhecidos de DST que pode evoluir para o câncer é o HPV (Papiloma Vírus Humano). O diretor clínico do Centro Oncológico Mogi das Cruzes, Flávio Isaias Rodrigues, explica que existem mais de 200 tipos de variação do vírus, sendo que o HPV tem pelo menos 13 tipos considerados oncogênicos, que são aqueles com risco de desenvolver câncer.

Dados do Ministério da Saúde indicam que 54,6% dos casos de HPV estão entre os jovens de 16 a 25 anos. Desse total, 38,4% são de tipos de HPV de alto risco para o desenvolvimento do câncer de colo do útero e vagina, por exemplo.

“Para as lesões do HPV de baixo grau orientamos ao paciente descanso, boa alimentação, não beber, não fumar, diminuir o nível de estresse e ter relações preferencialmente com métodos de barreira, para que a imunidade possa se recuperar e combater a doença evitando desta forma procedimentos médicos que podem ser dispensáveis no caso de recuperação espontânea, além de repetir o exame a cada três  a seis meses, para o monitoramento do restabelecimento da saúde conforme o tipo de lesão. Já a lesão de alto grau, que aparece nos órgãos genitais, em sua grande maioria pede-se intervenção cirúrgica”, detalha Dr. Moises Komatsu.

O médico ginecologista destaca ainda que outras DST´s aumentam as chances de desenvolver um câncer. “Toda lesão viral pode provocar inflação, o que abre portas para infecções oportunas, aumenta a chance de câncer, além da possibilidade de causar infertilidade na paciente”.

Os riscos do sobrepeso

A obesidade também é considerada uma patologia com alto risco de desenvolvimento do câncer. No caso das mulheres consideradas obesas (com índice de massa corporal acima de 30), o risco é aumentado para câncer de corpo do útero (endométrio), sendo esse tipo em franca ascensão em países em desenvolvimento como o Brasil.

“A obesidade leva a produção hormonal ectópica aumentada, o que estimula o endométrio e faz com que em algum momento haja transformação de uma célula normal em célula maligna nas mulheres que se encontram na menopausa. No Brasil, com a importação dos hábitos alimentares americanos, principalmente a alimentação baseada em carboidrato e gorduras saturadas, há mais obesos o que aumenta o índice de doenças cardiovasculares e de câncer de endométrio”, destaca. “Por isso, vale lembrar a importância da prevenção e dos hábitos saudáveis”, finaliza o ginecologista.